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Bruno y Pablo, "Plan B" |
Bruno namora Laura, mas ela decide botá-lo no banco de reservas (o que significa que eles continuam se encontrando às escondidas) e passa a namorar Pablo. Inconformado com o chute na bunda, Bruno busca informações sobre o rival e fica sabendo que este costuma se relacionar também com homens (quem dá a dica, aliás, é uma amiga que fica com Pablo vez ou outra...). Já que as suas intenções de reconquistar Laura parecem fadadas ao fracasso, Bruno esboça um novo plano: aproximar-se de Pablo, seduzi-lo, fazê-lo cometer algum deslize, afastá-lo, enfim, dessa bola dividida. Tudo muito divertido, uma aventura até interessante, ainda mais porque Bruno conta com o apoio de Victor, um grande amigo que sempre o escuta e aconselha e que está a par da empreitada. Bruno então trava contato com o novo amor de sua ex, mas o que ele não sabe é que: a) Pablo é um cara muito legal; b) Pablo nunca se relacionou com homens, embora pense no assunto; c) Pablo logo tomará o lugar de Laura em seus pensamentos e desejos.
Como sugere o resumo, "Plan B" (2009), do diretor argentino Marco Berger, é um filme simples, honesto e romântico. Pra quem reclama que quase todo filme com temática LGBT termina em solidão ou tragédia, este aqui contraria as expectativas e mostra uma relação homossexual que se constrói aos poucos e é bem aceita pelo círculo de amigos dos protagonistas. Os conflitos existem mas são internos, íntimos, feitos de incertezas e do medo que ambos sentem à medida que se apaixonam um pelo outro meio sem querer. Por não serem tão famosos - pelo menos aqui no Brasil -, os atores Lucas Ferraro (Pablo) e Manuel Vignau (Bruno) transmitem uma deliciosa naturalidade em cena, parecem gente de verdade, do tipo que se pode encontrar em qualquer esquina da vida. Às vezes dá até pra esquecer que estamos vendo um filme, tamanho o despojamento das locações e do figurino (destaque para as camisas de futebol, inclusive uma bem antiga da Seleção Brasileira) e a veracidade dos diálogos. Não há excessos na interpretação, a fotografia nunca se sobressai ao que é narrado, a música é usada na hora certa. O resultado é essa sensação de que também pertencemos àquele grupo e assistimos a tudo de primeira mão, acompanhando de perto um amor que nasce das afinidades e pega de surpresa esses caras que se conhecem há pouco mas já se entendem só pelo olhar.
Como saber se um filme foi bem sucedido? Quando se trata de romance, o veredito é simples: se o espectador se pega torcendo para que os personagens caiam nos braços um do outro e vivam felizes para sempre é porque o diretor acertou a mão. Justamente o que aconteceu comigo enquanto assistia a "Plan B".
"La gente para entenderte tiene que mirar a través de tus ojos, yo te veo en 3D a vos”
- Bruno (Manuel Vignau) a Pablo (Lucas Ferraro) em "Plan B" -
(Assistido pela primeira vez em 29/04/16)
Minha cena favorita:
https://www.youtube.com/watch?v=Soe2h4CuOQ4
Uma excelente análise do filme (em espanhol):
http://tallerlaotra.blogspot.com.br/2010/06/lo-propio-del-plan-es-que-falle.html